Setembro Verde: especialista defende ampliar consciência sobre a doação de órgãos no Brasil

Foto: Arquivo Pessoal
O mês de setembro marca a campanha Setembro Verde, dedicada à conscientização sobre a doação de órgãos no Brasil. A iniciativa tem como objetivo ampliar o debate sobre o tema e incentivar que mais famílias autorizem a doação, já que a decisão é fundamental para salvar vidas. Atualmente, milhares de pacientes aguardam por um transplante no país, e a mobilização busca reduzir esse número por meio de informação e engajamento social.
Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados no dia 4 de junho deste ano, o Brasil possui uma das maiores filas de espera por transplantes do mundo, aproximadamente 78 mil pessoas aguardavam na fila, um número que permaneceu estável relação ao ano de 2024. O rim e a córnea são os órgãos com as maiores filas, com mais de 42 mil e 32 mil pacientes, respectivamente.
A campanha ressalta ainda que a autorização familiar é determinante para a efetivação da doação. Por isso, além de informar sobre o processo, o Setembro Verde reforça a necessidade de conversar abertamente sobre o tema em casa, garantindo que a vontade do doador seja respeitada.
O Extra conversou com dr. Leon Grupenmacher, diretor do Banco de Multitecidos do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM) (CRM: 12816-PR | RQE: 4949) que falou da importância de se tornar um doador, o papel da família nessa decisão e como funciona o processo da captação de doadores.
Extra – Qual a importância da doação de órgãos para a prática médica?
Leon – A importância é total e fundamental, pois podemos salvar vidas o que é infinitamente confortante para todos, médicos, receptor e família doadora, além de poder restabelecer a qualidade de vida para tantos pacientes que não possuem outra alternativa médica.
Extra – Qual é o processo para que uma doação de órgãos aconteça dentro do hospital?
Leon – Dentro do hospital os possíveis doadores e familiares, uma vez detectados a doação, são abordados por toda uma equipe multidisciplinar, a qualquer hora do dia ou à noite. Que cuidam de absolutamente todo o trâmite legal e prático, auxiliando a família em todo o processo.
Extra – Como o médico pode abordar o tema da doação de órgãos com a família do paciente?
Leon – O médico assistente, na eventual possibilidade de doador em potencial, ativa a comissão hospitalar de doação que, juntamente com ele explicará a família todo o processo, como e, como será e decidirá juntamente com os familiares a possível doação de um ou mais órgãos.
Extra – Quais são os principais desafios enfrentados no momento da captação?
Leon – O principal desafio é o aceite por parte dos familiares, o que muitas vezes não ocorre, apesar do desejo em vida do paciente manifestando sua vontade de ser doador.
Extra – Qual o papel do médico na conscientização sobre a doação de órgãos?
Leon – Fundamental, desde o início da faculdade, durante e após a sua formação. Tem de ser uma educação continuada, expondo a seus pacientes, amigos, familiares a importância do ato de doação.
Extra – O que a população precisa entender melhor sobre o processo de doação?
Leon – A população precisa entender que o ato de doar é o ato mais nobre talvez da vida do paciente, onde podemos salvar vidas e dar alívio ao sofrimento de diversas famílias.
Extra – A pandemia afetou de alguma forma o número de doações e transplantes?
Leon – Sim, com a pandemia o número de doações diminui muito e o número de cirurgias eletivas aumentaram demasiadamente, e hoje as filas estão bem maiores em todos os estados, além de ter sido um retrocesso em todo o processo da doação.
Extra – Que medidas poderiam ser adotadas para aumentar o número de doadores?
Leon – A mídia é fundamental para esclarecimentos da arte de ser doador, da importância e conscientização de todo o processo, do alívio e do bem estar das famílias doadora e receptora. Apoio governamental, com custeio dos processos e incentivos de leis que possam estimular as doações.